Neste guia sobre Vieses Cognitivos na Tomada de Decisão, vamos apresentar para você uma sequência de vídeos baseados em Economia Comportamental e Psicologia. Ao final do texto, você terá um panorama breve sobre como agimos diante de previsões e decisões.
Como nossa mente funciona?
Historicamente reforçamos a percepção de que somos seres racionais e imparciais em relação ao meio, contudo, pesquisas que unem Psicologia e Economia estão demonstrando, ao longo do tempo, que as coisas não são bem assim.
Então, para começar, vamos entender um dos princípios básicos da nossa tomada de decisão: as nossas duas formas de pensar.
1.Duas formas de pensar, a rápida e a devagar
Para compreender o mundo e as pessoas ao nosso redor, podemos usar duas formas de pensamento, através de dois sistemas mentais, o sistema rápido e o devagar.
O sistema rápido é intuitivo e parte natural do nosso cotidiano, enquanto o sistema devagar é mais reflexivo e demanda mais energia e tempo para chegar a conclusões.
As duas formas se alternam no cotidiano, muitas vezes acreditamos que estamos sendo racionais, mas podemos estar nos baseando em raciocínios intuitivos.
Baseados, principalmente no sistema rápido, podemos cair em alguns atalhos mentais que podem nos levar a decisões nem sempre tão adequadas. No próximo vídeo você saberá um pouco mais sobre esses atalhos.
2. Heurísticas
Como vimos no vídeo, nosso cérebro é preguiçoso e adora usar atalhos mentais, esses atalhos são o que chamamos de Heurísticas.
As Heurísticas não são totalmente ruins, elas nos ajudam a economizar energia, afinal, seria muito cansativo e demorado considerar todas informações e fatos de todas decisões que fossemos tomar no dia a dia. Entretanto, em questões importantes, elas podem nos levar a decisões irracionais.
As três principais Heurísticas citadas no vídeo são:
Heurística da representatividade
Que ocorre quando classificamos algo ou alguém, em comparação com algo típico ou algum estereótipo de uma determinada categoria.
Heurística de disponibilidade
Quando uma pessoa lembra mais de facilmente de uma informação, ela tende a confiar mais nela e usá-la para tomar decisões.
Heurística da ancoragem, ou ajustamento
Quando produzimos uma âncora, ou ideia inicial sobre algo, passamos a ter dificuldades de se desfazer dessa forma inicial de pensar.
Por conta desse funcionamento mental, ficamos sujeitos a alguns tipos de influências do meio, como ficará claro no próximo vídeo:
3. Como somos manipuláveis
Através da discussão sobre as marcas e nosso desejo de consumo, fica claro, neste vídeo, como interpretamos o mundo de forma relativa, estabelecendo juízos com base em comparações, fazendo com que uma mesma nota de 5 reais tenha um valor diferente quando ela for o desconto de um livro ou de um carro. Além da nossa sensibilidade ao princípio da ancoragem, citada também no vídeo de heurísticas.
Até aqui, você pode estar pensando: “já vi isso acontecer com várias pessoas”, como se esse tipo de funcionamento fosse apenas o funcionamento dos outros. Mas, talvez, o próximo vídeo pode te chamar a atenção sobre sua própria percepção de conhecimento e ligar um alerta mental na sua cabeça.
4. Como temos falsas impressões de conhecimento
Temos uma facilidade em ignorar o que ignoramos, através de um efeito chamado Dunning-Kruger, que explica como pessoas podem ser tão ignorantes em um assunto, ao ponto de não terem o conhecimento mínimo para saberem sobre sua própria incompetência.
Em parte, isso acontece por nosso cérebro focar naquilo que já sabemos, ou aquilo que confirma nossas crenças, ignorando o que ignoramos ou ignorando o que vai contra o que já acreditamos, fazendo com que a gente consuma cada vez mais informações que já sabemos, com a ilusão de que estamos ficando mais informados.
De fato, quando nosso conhecimento é muito superficial, acabamos confundindo nossa familiaridade com um assunto com a profundidade de conhecimento sobre ele. Somente quando precisamos explicar um assunto, ou até oferecer uma lista de razões para nossas explicações, curamos essa impressão falsa de conhecimento. Esse, talvez, seja um exercício válido antes de tomar qualquer decisão pela qual estamos muito seguros.
Mas não para por aí, além da falsa impressão de conhecimento, o tempo todo estamos sendo influenciados pelas nossas próprias crenças, que agem promovendo ou eliminando certas informações em nossos raciocínios, como veremos no próximo vídeo.
5. Raciocínio Motivado
Temos uma mente que é uma máquina de entender o mundo, ela pode agir como um cientista, coletando dados e criando teorias; ou como um advogado, que já tem uma teoria e apenas seleciona os dados que a confirmam.
Mas, na maior parte das vezes nossa mente age como um advogado, partindo de conclusões para coletar evidências que a corroboram. No vídeo, vimos que nossas preferências, desejos e expectativas inconscientes afetam nossas interpretações, além do fato de que nosso cérebro está o tempo todo preenchendo lacunas de conhecimento para dar coerência à realidade, sem que a gente perceba.
Às vezes a incoerência é muito grande, e quando isso acontece, temos uma experiência interna desagradável, que você conhecerá assistindo o sexto vídeo desse texto.
6. Dissonância Cognitiva
Como você viu, a Dissonância Cognitiva se refere ao desconforto causado pela discrepância entre nossos pensamentos, comportamentos, falas e a realidade. Quando percebemos uma incoerência, nossa tendência é diminuirmos ela. Para isso, temos três soluções: mudar o comportamento, mudar o pensamento incoerente ou criar um pensamento novo como justificativa. Esse processo é inconsciente e tende a minar nossa capacidade de pensar em alternativas ou pensar de maneira diferente.
A partir dos processos mentais que citamos, podemos criar padrões de pensamentos específicos que já foram muito estudados e categorizados. Esses padrões podem afetar nossa capacidade de pensar racionalmente, bem como afetar nossa qualidade de vida, no próximo vídeo você irá conhecer esses padrões.
7. Distorções Cognitivas
São formas irrealistas de pensamentos que nos levam a comportamentos prejudiciais. Neste vídeo, você encontrará os principais tipos de Distorções Cognitivas, como: Polarização, Supervalorização, Filtragem, Aceitação Liberal, Raciocínio Emocional, Personalização, Catastrofização, entre outras.
Para evitarmos as distorções, precisamos exercitar nossa capacidade de olhar para as situações em diversos pontos de vista, considerando aspectos positivos e negativos de si, das pessoas e das situações.
Nesse momento, podemos começar a pensar em quais condições podem favorecer ou não a tomada de melhores decisões. Dependendo do momento, situações absurdas podem ocorrer, como o caso de milhares de avós que morrem todos os anos por conta da procrastinação de universitários nos EUA. No vídeo abaixo você saberá como isso ocorre.
8. Como o meio afeta nossas decisões?
Promessas são feitas o tempo todo, muitas vezes dão errado. São projeções do que queremos com nosso eu futuro, mas nem sempre nosso eu presente vai querer o mesmo. No presente tomamos decisões baseadas em sentimentos. Quais são as condições que damos para nosso eu no futuro decidir? Aspectos como cansaço, fome, emoções fortes, influenciam nosso autocontrole em seguir objetivos e são péssimos momentos para tomar decisões.
Diante de tudo isso, agora vamos ver um vídeo do primeiro Nobel da Economia Comportamental: Daniel Kahneman. Nessa entrevista, você terá um panorama geral sobre o tema e algumas reflexões interessantes.
9. Um panorama geral da Economia Comportamental
Daniel Kahneman é Ph.D. em Psicologia e possui Nobel de Economia de 2002, com sua pesquisa sobre Economia Comportamental, em parceria com Amos Tversky. Nesta entrevista, Kahneman aborda diversos temas como a economia clássica, o impacto da Economia Comportamental, além de questões mais práticas como as noções de previsões e perdas; otimismo e sobrevivência; pensamento religioso e confiança; qualidade da memória e da experiência; a essência do fluxo; nossos Instintos generosos e até sobre as vantagens e desvantagens da democracia.
Até aqui você viu diversos tipos de vieses e formas de engano que sofremos pelas nossas próprias mentes, a seguir, você verá como podemos melhorar, ou não, nossas previsões.
10. Previsões para decisões
Estamos sempre buscando respostas e previsões, é natural. Mas, nem sempre buscamos saber quais os resultados de nossas previsões, quando fazemos isso, percebemos que a maioria das pessoas acerta tanto quanto acertaria jogando cara-ou-coroa, ou até acertam menos que isso.
De fato, existem pessoas que são piores preditores que outros. Aqueles com fortes posições ideológicas e estão mais seguros com suas próprias crenças e respostas, acabam sendo os piores. Entretanto, na vida real esses tipos de pessoas acabam convencendo as pessoas mais do que sendo bons analistas (seja qual for o assunto). Pessoas mais cautelosas em suas afirmações, desconfiadas e que combinam mais fontes de informação acabam se dando melhor em previsões.
Esperamos que esse artigo tenha te dado ótimos insights sobre a importância de considerar nossa própria natureza quando falamos em tomada de decisões.
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