A construção do papel de pai iniciou antes da Maria Alice nascer, foi no dia 16 de julho de 2015, um dia antes do meu aniversário, quando a Anna me trouxe uma caixa fechada com o resultado do exame de gravidez, junto com um body escrito “eu sou do papai” e uma carta que ela escreveu fazendo de conta que era a Maria Alice. A primeira reação foi de muita felicidade, mas sem muita noção do que seria ser pai ainda. Na verdade, o papel de pai só aconteceu quando a Maria Alice nasceu.
Depois do seu nascimento eu vivenciei uma mudança de vida, uma mudança na forma de olhar para a vida. Hoje as minhas prioridades são outras: eu quero é chegar em casa e ver ela bem, poder acompanhar o seu desenvolvimento, poder estar junto, entregando o que eu tenho de melhor. A vinda da Maria Alice me proporcionou uma nova “bateria”, uma nova fonte de energia para lidar com as coisas de uma forma mais viva. E isso reflete na minha atuação como diretor e facilitador. Me sinto muito mais energizado e potente depois da Maria Alice nascer!
Todos os meus papéis foram mexidos com o nascer do papel de pai. Hoje tenho mais tolerância e mais paciência, mais firmeza e maturidade. E consegui integrar, dentro de mim, que a verdadeira transformação das pessoas acontece pelo afeto, pelo amor e não pela força ou pela rigidez. Um fato que ficou muito evidente essa transformação foi quando a Maria Alice começou a comer a ração dos cachorros, e eu e a Anna brigávamos com ela, tirávamos à força, gritávamos: “sai daí! ”. Mas aos poucos fomos percebendo que isso era uma violação, uma forma de violência (por mais que nossas intenções fossem as melhores) e então, experimentamos mudar a estratégia. Passamos a fazer contato visual com ela e fazer o sinal de “não” com o dedo, em frente ao pote. Com o tempo (e claro que não foi de primeira, nem segunda, nem terceira) ela foi percebendo que não poderia comer a ração, e hoje, quando chega perto, faz o sinal de não com o dedo para o pote. E isso não foi conseguido através da força e sim através do contato, do afeto e da constância. Compreendi que o limite é extremamente necessário, mas precisa ser feito com cuidado e consideração.
Acredito que a transformação aconteça quando há consideração, quando nos perguntamos: como me conecto com as pessoas? Quais são as necessidades presentes ali? Qual a melhor forma de acessar?
E é pelo afeto! É pelo cuidado e não pela força.
Levo isso em mente nos meus diversos papéis. A transformação ocorre pelo afeto e consideração!
Renato Navas, pai da Maria Alice, casado com a Anna, é sócio diretor da Ágora Entertraining e conduz trabalhos de desenvolvimento para a alta gestão e RH.